E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nEle crê
tenha a vida eterna. João 3:14, 15
Nicodemos percebeu que, se estava entendendo Jesus
corretamente, ele deveria recomeçar da estaca zero. Ser judeu, fariseu, membro
do Sinédrio, ser reconhecido como escriba, nada disso teria qualquer valor diante
de Deus. O desconhecido Rabi calmamente lhe disse que ele estava fora do reino,
alienado de Deus.
O verso 9 registra as últimas palavras de Nicodemos. A
partir daí é Jesus quem domina a conversa e partilha com o doutor das
Escrituras as Suas convicções. Nicodemos saiu marcado daquele encontro. Ele é o
discípulo da noite, relutante, como muitos que querem seguir a Jesus, mas têm
reservas e temem aquilo que "os outros dirão". Três anos e meio ainda
se passariam para que ele reagisse. Ele não teve um nascimento rápido. Foi um
parto demorado.
Em João 7:50-52, Nicodemos reaparece, arriscando uma defesa
em favor de Jesus. Finalmente, em João 19:38-42, quando se decide, Jesus já
está morto. Com José de Arimateia, ele retira o corpo inerte de Cristo,
desafiando os antigos líderes e colegas do judaísmo. A luz daquele encontro
noturno haveria de brilhar sobre a cruz do Calvário, relembrando a Nicodemos a
enigmática referência à serpente do deserto. O Espírito Santo ilumina sua
mente, e ele percebe que ali está o antítipo, levantado entre o céu e a terra,
para salvar homens e mulheres.
Nicodemos solicita o corpo de Cristo e, num tributo final
Àquele que ele seguira a distância, como observa Roberto Badenas, cobre de
perfume as feridas que sua covardia havia ajudado a abrir. Na presença da
morte, ele finalmente entende a figura do novo nascimento. É feito uma nova
pessoa.
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