Tem polêmica religiosa garantida para mais de ano. O Papa
Francisco, recém eleito como o comandante da Igreja Católica Apostólica Romana
– para os católicos ele é o legítimo sucessor do Apóstolo Pedro, fundador da Igreja de Jesus Cristo na terra –
põe lenha na fogueira das discussões sobre a palavra de Deus.
Para o Papa Francisco apenas a Igreja Católica está
habilitada para interpretar corretamente as escrituras sagradas, aquelas que
contém a palavra de Deus. Em outras palavras o Papa católico está dizendo que
só a Igreja Católica sabe interpretar a Bíblia.
Em matéria da Agência Ecclesia que está repercutindo em todo
o mundo, principalmente entre os protestantes, o líder maior da Igreja Católica
diz que só eles, os católicos, exercem o ministério divino de preservar e
interpretar a palavra de Deus.
Essa iniciativa do Papa Francisco descarta aquela idéia de
que ele seria peça fundamental para unir católicos e protestantes em todo o
mundo.
Confira a matéria da Agência Ecclésia onde o Papa Francisco
diz ser exclusivo da Igreja Católica o direito de interpretar corretamente a
Bíblia.
O Papa Francisco afirmou que a Igreja Católica é a única
entidade habilitada a interpretar corretamente as escrituras e rejeitou o que
chamou de “intervenção” subjetiva, em seu primeiro discurso no Comitê da Bíblia
do Vaticano, na última sexta (12).
O discurso foi dirigido a especialistas e traz referências a
dois textos dogmáticos do Concílio Vaticano II (1962-1965): a Constituição ‘Dei
Verbum’ (‘A Palavra de Deus’), sobre o papel da Igreja e a Constituição “Lumen
Gentium” (A “Luz dos Povos”).
Em seu discurso, o pontífice expressou compromisso com o
pleno respeito à tradição da Igreja e mencionou o Concílio do qual ele pouco
faz referências. Francisco é o primeiro pontífice das últimas décadas a não ter
participado.
“O Concílio lembrou com grande clareza: tudo o que está
relacionado com a maneira de interpretar as Escrituras está, em última análise,
sujeito ao julgamento da Igreja, que realiza o seu mandato divino e o
ministério de preservar e interpretar a palavra de Deus”, disse.
Bíblia - Ao falar sobre a bíblia, o Papa disse que “há uma
unidade indissolúvel entre Escritura e Tradição”, que são “conjuntas e se
comunicam entre elas, formando, de certa maneira, uma única coisa”.
“A Sagrada Tradição transmite a Palavra de Deus plenamente
(…) Desta forma, a Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas
reveladas não só nas Sagradas Escrituras. Uma como a outra devem ser aceitas e
veneradas com sentimentos semelhantes de piedade e respeito”, disse.
A declaração, na linha de Bento XVI, não deve agradar os
protestantes ou católicos contestatórios, como o suíço Hans Küng, que
reivindicam o direito de interpretar livremente as escrituras.
“A interpretação das escrituras não pode ser apenas um
esforço intelectual individual, mas deve ser sempre confrontado, inserido e
autenticado pela tradição viva da Igreja”, disse ao denunciar “a insuficiência
de qualquer interpretação sugestiva, ou simplesmente limitada a uma análise
incapaz de acolher o significado global que tem sido construído há séculos pela
tradição de todo o povo de Deus”.
Interpretação subjetiva - Francisco salientou que “as
Sagradas Escrituras são um testemunho escrito da Palavra de Deus, uma memória
canónica que atesta a verdade da Revelação”, que “precede e ultrapassa as
fronteiras” do texto escrito.
“No centro da fé cristã, não está apenas um livro mas toda
uma história de salvação e especialmente uma pessoa, Jesus Cristo, a Palavra de
Deus feita carne”, disse ele alertando que qualquer interpretação meramente
“subjetiva ou incapaz de abraçar a globalidade” da história cristã será
insuficiente.
Francisco citou que, de acordo com a Lumen Gentium, “o
estudo das Sagradas Escrituras não se pode limitar a um esforço científico
individual, mas deve ser sempre autenticado pela tradição viva da Igreja. O
respeito pela natureza profunda das Escrituras condiciona a validade e a
efetividade de toda e qualquer hermenêutica bíblica”.
Iniciativa dos padres – As declarações se opõem diretamente
à ideia defendida não só por líderes cristãos de que ele aproximaria católicos
e evangélicos, bem como a movimentos existentes dentro do catolicismo que
buscam uma renovação estrutural dentro da Igreja, como a “Iniciativa dos
Padres”, movimento ao qual já se uniram 3.500 párocos na Europa e nos Estados
Unidos.
Em um manifesto publicado em 2011, o grupo afirmou ser
obrigado a seguir sua própria consciência e atuar independentemente dos ditados
do Vaticano, “perante a rejeição de Roma de uma reforma que há tempos é
necessária”.
Entre as ideias defendidas pelo grupo, estão a ordenação de
mulheres, dar comunhão a todos os “fiéis de boa vontade”, “inclusive
divorciados” e permitir que também os laicos prediquem a palavra de Deus.
Reforma Católica - Apesar de seu discurso sobre a importância
da tradição de Igreja, o Papa Francisco criou no sábado (13) um grupo de oito
cardeais para aconselhá-lo no governo da Igreja e estudar um projeto de revisão
da Cúria Romana.
O grupo será formado pelos cardeais Giuseppe Bertello,
governador do Estado da Cidade do Vaticano; o chileno Francisco Javier
Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago do Chile; o indiano Oswald
Gracias, arcebispo de Mumbai; o alemão Reinhard Marx, arcebispo de Munique; o
congolês Laurent Monsengwo Pasiny, arcebispo de Kinshasa; o americano Sean
Patrick O’Malley, arcebispo de Boston; o australiano George Pell, arcebispo de
Sydney; e o hondorenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de
Tegucigalpa, que será o coordenador do grupo.
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